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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

RIO MOLHA COCO

Das cachoeiras altíssimas
Na mata atlântica beira o planalto
Nasce o Rio Molha Coco
Que desce lapidando rochas de basalto.
Cascatas serpenteando o perau
Profundo de sombras em burrifos
Insistentemente, cantarolando hino da águas
Penhascos adentram mistérios infindam.
De queda a queda o Rio Molha Coco
Exalta-se na repentina encruzilhada.
Acha o irmão Rio Índios Coroados
Que embalado ia passando em disparada.
Rio de encher às vistas fotografando
A mente, a caverna do trovão azul
Suspendida por imensa pedra
Grossa árvore estendida ao Sul.
O Rio Molha Coco desce borbulhante
Com águas cristalinas esmeraldas
Dependendo da barranca e a estação
Sob o desfecho do tempo, a enxurrada.

Xiiiiiiiiiii, Xuááááááááááá!
Xiiiiiiiiiii, Xuááááááááááá!

O Rio Molha Coco é arco-íris na primavera
Brincadeiras, banhos, namoros e pescarias,
Aventura de jangada. E espera,
À noite fogueira ao luar.
Raso o curso do rio é uma praia
Dos seixos rolados, momentânea paisagem
Do absoluto impacto mutante, natural
Inquieta natureza, presente imagem.
Indo descendo o Rio Molha Coco.
Margeado por rica flora verde, flores
E frutos silvestres de flora ainda não extinta...
O Catacho (Martim- pescador) rouba a cena agora,
Por um futuro melhor quem pinta.
As pedras do formoso rio são preciosas
Ou semipreciosas conforme da cor o olhar
A admiração ou relevo em prismas
De brilhante carvão na pedreira a rolar.
Paradas ou diluídas, ágata, ametista
Tão trincado e imutável, à vista,
Como as águas deslizam fendas do passado.

Xiiiiiiiiiiiiiiiiii, Xuááááááááááááááá!
Xiiiiiiiiiiiiiiiiii, Xuááááááááááááááá!

E queres cruzar a ponte de arame (ou pêncil)
Acesso livre à trilha dos tropeiros
"Serra Velha" de passar tropas de mulas
De mercadorias carregados os cargueiros.
Volto ao Rio Molha Coco, ora calmo,
Ora agitado, o dia inteiro correntoso.
A primeira comunidade é Vila Rosa
Onde os colonizadores vieram desbravar.
Fizeram moinhos, tafonas,
Descascadores de arroz
O rio a roda d'água fez girar.
O rio é da terra - fundas escavações.
O ser humano é que o polui,
Que detona feroz a mata ciliar,
O esgoto, o lixo, o agrotóxico...
É hora do falso discurso calar.

Xiiiiiiiiiiiiiiii, Xuááááááááááá!
Xiiiiiiiiiiiiiiii, Xuááááááááááá!

No verão o céu é uma fonte d'água,
Depois da chuvarada a chuva insistente,
Novo bramido chuvoso acontece
Quando transborda o rio de repente.
Avança qual transeunte bêbado
Pela estrada de chão geral,
Enfrenta o que há em sua frente
Causando aos espectadores espanto total.
Invade as terras do Velho Inácio
E quase entra no salão de festas,
A igreja ao alto está a salvo.
Também a majestosa escolinha espia quieta.
Nesse instante espetacular faz parte
O Rio Molha Coco da estrada barrenta,
Visita desajeitada várias portas das casas.
Ah! Improvisado caminho que ladeia o rio,
Até o cemitério quase não escapa.
Em tempo de enchente o belo
e espantoso desaguar na estrada.

Xiiiiiiiiiiiiiiii! Xuáááááááááááááá!
Xiiiiiiiiiiiiiiii! Xuáááááááááááááá!

O Rio Molha Coco é muito apreciado
Para banhos refrescantes...
E passa por trás de outra vila agradável
"Pé da Serra" de aspecto exuberante.
É para bem pintar que este poema singelo
Fugiu da lírica enxugada
Por arremeter-se nos cipós e terra
Que vivem vários peixes dessa água.
O Rio Molha Coco vai terminando
Sua principal jornada no Rio Mampituba
Que divide o estado gaúcho e catarinense
Onde num redemoinho de água se encontram.
Assim é mágica, é unida a natureza
De gota a gota faz o riozão.
E sempre se completa em beleza
O ciclo natural da criação.
O mar está longe, o Rio Molha Coco
Chegou em Praia Grande espraida o cênico,
avolumando as águas do rio serpentuoso
Dando mais vida a "Cidade dos Cânions".

Xiiiiiiiiiiiiiiii! Xuááááááááááá!
Xiiiiiiiiiiiiiiii! Xuááááááááááá!


( Poema Rio Molha Coco, do livro Em Busca da Essêcia - 2001)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CREPÚSCULO DA LUA

No crepúsculo da Lua
nasce o verdadeiro frio
ainda não fecundado, oscilado,
germinado, ambientado.

No crepúsculo da Lua
no místico cânion Malacara,
Jesus Cristo está na natureza,
caminhando com os aventureiros.

No crepúsculo da Lua
algo para ouvindo a existência;
a noite reconstrói paradigmas e o alquimista
defronta-se com o orvalho quântico.

No crepúsculo da Lua,
o esquecimento é dono da verdade
e os sonhos das pessoas
são sonhos de verdade.

(Poema extraído do livro Poesia Sempre - 2005)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Boulder: Até que a enchente leve


Boulder: 'Até que a enchente leve' está localizado próximo ao encontro dos rios Índios Coroados e Molha Coco, em Praia Grande - SC. Nesta foto estou dando uma espichada apenas, já que não estou com calçado apropriado.
Valeu!
Tarcísio

domingo, 21 de novembro de 2010

NATUREZA: O MANIFESTO (a Rodrigo R. da Rosa)

Até que dia o homem e a mulher precisarão ser
bitolado, mandado, policiado,
para assistir conscientemente à transformação
do seu meio ambiente?

Haverá um dia em que todos os homens e mulheres
nascerão para cuidar da natureza?
Nascerão e por vontade e decisão própria
preservarão a natureza?
Nascerão amando o Planeta Terra,
livres e espontâneos,
sem obrigação nenhuma?

Os homens e as mulheres
transformam paisagem em quadro,
imortalizam uma bela cascata:
"... O que Deus criou para ser eterno".

A natureza... pássaros voando, cantando
ao amanhecer como os sabiás;
animais livres pela vegetação rupestre,
verdejante, como os lobos;
animais livres, alimentando-se das sementes,
das folhas, como os bugios;
saciando a sede na água pura, límpida
dos córregos e arroios que transpassam a floresta;
animais livres que repousam nos galhos,
troncos das árvores;
ou em fendas nas escarpas
altíssimas, como os urubus;
ou em tocas no solo fértil
da mata atlântica, como os tatus;
animais livres, de vida noturna, na mata ciliar,
na encosta da Serra Geral, como o puma.

Que toda essa natureza não seja no futuro,
apenas um quadro retratado por um artista!
O ser humano, privilegiado,
faz o grande e irreversível caos.
A natureza é frágil
pela brutalidade do homem de hoje!
Que desmata por ganância!
Que polui por cobiça!
Que caça pelo prazer de matar!

É tempo do homem abrir os olhos
dentro dele está a mudança
para preservar o que ainda resta,
desse magnífico presente, que é a natureza!

E assim as gerações futuras possam,
como nós, apreciar,
toda a biodiversidade do planeta.

E encorajados, digam, impeçam, gritem,
lutem, defendam a favor
da vida dos animais,
das plantas, das belezas naturais,
para que, por sua causa, não se extingam!

O ato de um homem ou de uma mulher,
em favor da natureza,
é motivo de honra
e valor de alma!
Digno de ser humano
refletindo a existência de sua própria vida.

(Poema do livro, Em Busca da Essência - 2001)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ALÉM DA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO

ALÉM DA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO
"Havia uma pedra no meio do caminho".
(Carlos Drummond de Andrade)

Pedra, pedreira, pedregulho, pedrão.
Pedras pequenas, pedras grandes,
Pedras de todas as cores,
Pedras de todos os tamanhos e formas.

Pedra, pedrinha, pedregoso, pedrada.
Pedra lisa, pedra dura, pedra crespa.
Pedra escorregadia, pedra falsa, pedra firme.
Pedra de arenito, pedra de basalto.

Pedra de bolha, pedra quartzo.
Pedra cristalizada, pedra ametista...
Pedra afiada, pedra gigante,
Pedra fixa e pedra rolante.

Pedra exposta, pedra subterrânea,
Pedra que você vai ver ou imaginar,
Pedra do Itaimbezinho,
Pedras de muitos caminhos.

(Poema do livro Poesia Sempre, 2005.)

sábado, 30 de outubro de 2010

QUEM

Quem quer?
O desejo de olhos tristes.
Quem quer?
Um desejo de vida no coração.

Quem compra?
Sonho para minha dor.
Quem compra?
Beijos para meus lábios.
Quem compra?
Ouvido para minha voz.
Quem compra?
Mar para meus braços.

Carinhos para minhas recordações.
Desenhos para minhas nuvens.
Despedida para meus olhos.

(Poema do livro Poesia Sempre, 2005)

sábado, 23 de outubro de 2010

DESAFIO

Pela sombra
somente pela sombra,
do vasto arbusto da montanha...

Flui com as correntes
vagas correntes da ilusão
dentre o silêncio que a noite escuta...

No seu despertar profundo,
antes um desafio,
agora a criação do homem,
magia ativa
amor de pai,
amor de mãe...

A aurora existe
sob a razão,
sois o cântico dos fiéis...

Velejou sem opor-se ao vento,
escalou a montanha,
como ruínas em poeira
fossem formas de castelo.

(Poema do livro Relevo Azul, 1998)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

OLHOS OCULTO

Quando ocultei meus olhos:
Vi a fome no mundo;
Vi que vivemos no mesmo espaço bíblico;
Vi que a comédia
É um derramamento de sangue.

Quando ocultei meus olhos:
Vi a construção simbiótica de mim mesmo;
Vi meu coração crescendo, somando pulsações;
Vi os dias de minha vida sumindo
Num escuro lugar e Era.

Quando ocultei meus olhos:
Vi o homem bom transformar-se em mau;
Vi o planeta frágil nas mãos de homens destruidores;
Vi a realidade fingindo a sobrevivência
Em desespero.

(Poema do livro "Poesia Sempre")

sábado, 25 de setembro de 2010

AGRIDOCE AMOR

A saudade relembra.
Então escuto
Vozes adolescentes
Com luz própria,
Feito flor que nasce poesia!

A música fluente do vento
Contendo enigmas,
Disperso nos anos,
Recolhia sentimentos, fantasias
Para dentro da memória:
Coração apunhalado pelo horizonte!

Como transcender o amor?
Como aceitar a nobreza
Elevada
Do desamor?

Fico aqui contando
A minha vida
Para essa árvore florida
E ferida
Sobre as impressões digitais do amor!

Esse apelo-afeto forjou-me humano.
Deixou uma sombra
Ou melodia
De pedidos extremos
Ao acaso...
Calado, suporto o céu
Com estrelas infinitas
Na rua de meus desígnios imaturos.

Cachoeiras incessantes despencam
Do crepúsculo turvo,
E na ventania as folhas
Secas lutam
Por ficarem imóveis,
Jazendo no tempo
Onde brota a verdade da paixão!

É por amor! Que amor?
Invenção agridoce.
Nossos olhhos diziam as mesmíssimas
Intenções feito partículas
Doce de sofrimento.

Em nosso ser, o outono
fixou morada.
E coexiste, puro
No passado dolescido
O cheiro, o gosto,
E a suavidade das palavras.

(Poema do livro Em Busca da Essência, 2001)

sábado, 4 de setembro de 2010

MOINHO

Do sonho
engenheiro
à criança
e na realidade
moinho te edifico
em toda pelnitude.

É um moinho de sonho
funcionando
dia frio
correias batem
na noite
abate o silênciio
canção d'água
roda embriagada.

Do teto ao chão
sombra e luz de candeeiro
desde o crepúsculo
até o amanhecer
o milho se rende
à prensa
a farinha desce fina
no vaporoso depósito.

Moinho
águas te agitam
dão-te passagem
abrem-se comportas
velocidade e força
usina
dê vida ao sonho
de menino
construindo em seu coração
concreto
que a morte não dissipa.

Ideal gira giro Planeta
em tua arquitetura
telhas francesas
costaneira é a tua varanda
parede de pedra
te transforma
cipós, limos, cepos.

Rangem as janelas
mastigo doce milho
moinho te edifico
em toda plenitude.

(Livro Relevo Azul, 1998)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

POR QUE PARTIR?
"Navegar é preciso. Viver não é preciso".
(Fernando Pessoa)

O navio está no porto.
Parado. Esperando a hora.
Exata da partida. Está ali.
Com suprimentos de neblina.
Agoniado por atravessar o oceano.

Por quê? Por que partir?
Sem resposta; alto-mar.
Este é o dia e a noite.
Quem sou? Não importa.
Marinheiro ou náufrago!

Pensemos agora no navio.
No porto, atracado, sonhando mares.
Esperando que a alma.
Se encontre com o corpo.
O sopro com a saliva.

O ouvido com o dizer.
A velocidade com o objeto.
Enfim. Há muita ânsia.
Passos lentos e finitos.
O encontro é inevitável:

Como a "Ode Marítima"
De Fernando Pessoa.
Como "Vou-me embora Pra Pasárgada",
De Manoel Bandeira.
E tudo o que sustenta o imaginável.

(Poesia Sempre, 2005)

sábado, 21 de agosto de 2010

QUERO-QUERO

Descamba chuva quero-quero está.

Alimenta-se do que retira
do potreiro molhado.

Canto forte,
protetor
noturno,
serração.

Pássaro vizinho
de voo rápido
embeleza a paisagem
junto ao gado.

Quero-quero
voa e grita,
protegendo o seu ninho.

(Poesia do livro Relevo Azul, 1998)

sábado, 14 de agosto de 2010

PEQUENOS POEMAS DO LIVRO POESIA SEMPRE (2005)

MOVIMENTO

Troca-se o vento da casa
pelo vento do pulmão,
o vento do espaço
pelo vento do chão.

SAUDADE

Mãos, que rolam a massa,
Pela mesa que balança.
Mãos, mãos que a farinha mistura e lança,
Branca, vaporosa, úmida e assa.

UTOPIA

Neste mundo de utopias
Tu sorrias
E eu fazia parte de teu
Sorrir...

PONTO

O ponto de encontro
é onde a figueira
atravessa a estrada.

O ponto de encontro
é onde na segunda-feira
o rio amanhece sussurrante.

O ponto de encontro
é onde o pingo da chuva
transpassa a gravidade da luz.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

SENHORA IDOSA
(A minha avó Inez Rigotti da Rosa)

Com um pedaço de galho na mão
ela firma seu corpo,
sobe este morrinho com passos vagarosos,
a estrada é esburacada,
vai arrastando seu chinelo...

Às vezes, a vejo reclamar de tudo,
das pessoas que não zelam
pelo seu patrimônio
vendo aos poucos...
seu sonho de moça italiana
se dissipar feito fumaça.

O forno caiu...
a casa com goteira...
sua vaca holandesa magra...
e seu potreiro tomado de mato,
essas pequenas coisas fizeram parte
de sua vida inteira.

Com seu vestido estampado branco,
ela estava na porta da sala,
com os olhos cheios d'àgua,
vendo o horizonte e a planície costeira...

Na verdade, ela estava vendo
sua vida inteira...
o ventinho balançava
seus cabelos brancos.

(Poema do livro Relevo Azul)

sábado, 7 de agosto de 2010

SORRISO

Ame a si mesmo.
Ame as outras pessoas.
Creia em Deus.
Acredite no seu potencial.
Ninguém é melhor que você.
A vitória, muitas vezes, vem da sorte.
Sonhe com teu sucesso.
Solte teu corpo e tua mente.
Você vai vencer.
Libere sua imaginação.
Desprenda-se, a vitória começa agora.
Conquiste as pessoas.
Sorria, erga a cabeça.
Demonstre que você está neste mundo
para lutar pelos seus ideais.
E que teu jogo é limpo, verdadeiro e honesto.
Sejas espontâneo, decidido e convicto.
Transforme a sua trilha num caminho alegre.
Naturalmente, apresente-se ser humano
dentro e fora de ti mesmo.

(Poema do livro Poesia Sempre, 2005)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

POESIA PARA TAIENE

Uma poesia para Taiene
nem é preciso que amanheça o dia,
na noite dormindo
o seu rosto sonolento
é plena alegria.

É preciso vinte e quatro horas
para falar de sua energia,
sempre com sua boneca
em todo lugar
é uma criança muito esperta.

Tem quatro anos de idade
esta amável menina.
Como é bom vê-la sorrir,
flor de bondade
alma divina.

(Poema do livro Em Busca da Essência)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

POR QUE VOLTAR?

Para reacender, reencontrar,
Por não resistir à saudade?
Para retornar a rever antigos prados.
Retornar, restituir fluídas esperanças.

Para comparar o antes e o depois.
Para que o perdão seja aceito.
Para conversar com teus olhos,
[brincar com teus lábios,
[rejuvenescer em teus abraços.

Voltar para continuar.
Oh, Deus! Como é difícil partir e perder!
A vida pode passar sem sorrisos.

Como a literatura sempre volta
A Aristóteles e a Platão,
Também volto.

Preciso encontrar a palavra,
A frase simples, a oração inocente,
A chave. Um pouso no teu coração.

Voltar para realizar os sonhos de adolescente.
Para reencontrar o caminho
E seguir em frente.

(Poema do livro Poesia Sempre - 2005)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PEDRA DE AREIA
(Ao escultor Cristiano da Rosa Pereira)

A pedra de areia
movimentada em ventos.
Na pedra há veias
nas mãos do escultor!
A figura pensada
nos milhões de cristais
rodopiam no ar
da reciclagem da forma.
De quebrar casca
do nobre arenito
é que o pássaro voa,
condensa, petrifica o grito.

Brutas obras caladas,
busto de Cristo de barba,
do Boi carreiro,
a Vaca magra,
a Carranca Inca,
Índia Iracema,
Filhos do Sol,
"As ondas da lavas
vêm dar relevo
o quê cria
ao que põe medo".

Escultor e obra
desbravam um mundo,
desferindo golpes,
habitando o solo.
O martelo e o ponção
talhando à noite
em ferimentos seus
pleft, pleft, pleft...
"Rimando o dia
formando outros gritos
descobrindo trilhas
que se perdem no vôo".

(Poema do livro Em Busca da Essência - 2005)

sexta-feira, 30 de julho de 2010

DOMINGO CINZENTO

Domingo cinzento
é para a morte dos bons.

Levemente balançam grandes folhas
de coqueiro na planície cinza.

Dia Cinza, Domingo cinza,
respiro cinza para te receber.

Teu dia final é cinza
não há cantor nem piano
para celebrar... nem poema.

Há, sim, todo dilema
de um dia cinza... a realidade
sufoca-se nessa trégua cinza.

(Poema do livro Relevo Azul, 1998)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

SUBLIME

Sublimei-te, mulher, razão;
e coloquei toda a poesia
como escudo, para proteger nosso amor.

Sublimei-te, mulher, carecido;
e te disse que eras tão bonita,
perfeita natureza. Flor!

Sublimei-te. Colhi orvalhadas tintas
para retratar-te.
Insaciáveis versos lidos.
E caminhei por caminhos que sabia
que você havia percorrido. Amando!

Sublimei-te. Tatuei marcas em fogo
no meu coração, para sempre
amar-te.
"Sublimando".
Como Luz Poética. Paixão!

(Poema do livvro Em Busca da Essência)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

DA VIDA

Quando cai a chave
da vida...
Outra chave...
Que não sei como é,
espera... não sei como é.
E... enquanto não cai a chave
da vida...
Sinto o vigor da vida
nutrindo a chave
da vida.

Livro: Em Busca da Essência

quarta-feira, 21 de julho de 2010

EM BUSCA DA ESSÊNCIA

A lua laranja no céu
outra vez invade-me
com seu hálito entorpecente.
Confundo-me no realismo.

Atravesso o oceano serenoso
com luz de luar
numa nau mítica
que leva na proa
uma carranca indígena.

E tenho nas mãos um pasquim
cheio de provas de amor,
um punhado da mais pura essência
para os momentos
de saudade, de solidão e de partilha...

Nada mais que o agora
somente o momento da vida
faz parte de mim!

(Poema do livro Em Busca da Essência, 2001)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

ÁRVORE CENTENÁRIA

Bela e imensa
árvore centenária,
firme e forte embelezando
a cachoeira.

Um dia... mãos assassinas
cortam-lhe o tronco
derrubando-a penhasco a dentro.

Cortados seus galhos,
ferida brilhava...
qual peixe fisgado,
sem casca deslizava mata à fora.

O que ficou para trás na mata perdida?
Raízes profundas,
cepo de dor,
dessecando-se.

Cedro, cedro...
lânguido sangue em suas veias.
Ninguém avista mais
àrvore centenária
e bela na cachoeira.

(Poema do livro Relevo Azul-1998)

sábado, 17 de julho de 2010

O POEMA

O poema se finge
no assobio do pássaro
ao ver o sorriso do sol

O poema possui
resquício da paz
desencontrada no mundo

O poema é azul no céu
adentrado no verde
úmido da mata

O poema na voz
que declama emoção
partilha o momento

(Poema do livro Em Busca da Essência)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A MUSA DE HOMERO
Numa tarde amena de verão
Onde nuvens se aconchegam nas montanhas
Gregas de Parnaso
O poeta Homero compunha uma poesia
Em meio a canto de pássaros.

O poeta se enche de inspiração
E clama a todos os elementos da natureza
Para que pudesse encontrar belas palavras
E da musa descrever a beleza!

A tudo em volta, clama e recorre a alma
do apaixonado,
E descobre no sorriso da Ninfa,
A metáfora mais suave que ousou ter encontrado,
como cascata descendo a campina.

Ah! Que chama habita na alma desta estrela,
Que em Homero tem seu coração,
Que simpatias que a Musa expressa,
Harmonia, alegria e purificação.

( Poema escolhido do livro Poesia Sempre, Tarcisio Rosa)