A tempestade.
Somente uma força natural
Que ferisse o tempo
Às manobras do destino.
O amor.
Lança cruel:
Que vem colidir
A alma sublimada
Do gênio da música : Beethoven.
A dor de viver
Em tempos bucólicos... de Revolução.
De atos imprevisíveis, imprescindíveis.
Inescutáveis.
Onde amar é chorar,
É lutar, é sangrar, é sofrer.
Poeta do absurdo, confuso.
Amando verdadeiramente.
Homem que espantou,
Que deixou-se seduzir
Pela fúria da melodia...
Da mulher que o encantou.
O amor do músico.
Só o amor
Dignifica a vida.
Para sempre o século XIX
Será glorificado.
O som,
O cântico dos anjos
Diluindo almas empedradas,
Vindo tecer em nossos corações
Um estado de alfa.
De sobrenatural
Da música imortal
Que adoça a lágrima amarga!
E sempre seremos gratos!
Mesmo quando sorrias e sofrias
Que corrias
Ao sopro do vento,
Da noite estrelada
Para fugir da surra do pai.
Teu sofrimento vai repousar,
Compactuar, misturar,
Banhar-se com as estrelas.
E quem será sua amada imortal?
A mulher que não pode amá-lo.
É o dardo sensível
Do amor paterno
Que orienta Beethoven
Ir ao encontro do filho
Estarrecido e debilitado,
Caído ao chão.
Mas, são os versos de paixão
Da carta secreta que foge da galeria
Do passado e vem
Nos ferir e refazer
A sina fatal
Do homem apaixonado!
As estrelas e o tempo
É que lhe dita o hino
Que emerge da pele
Que vivifica a harmonia
Da orquestra a
Elevação da alma.
(Poema do livro Em Busca da Essência, 2001.)