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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

FOTOSSÍNTESE

Colhi a folha de um poema errante,
havia lágrimas em seus olhos fúnebres.

Ouvi seu canto de grilo
emergir do pasto.

Atendi seu pedido
de não complicar tanto a poesia.

Faminto:
"Colhi a extasia das manhãs
e comi a claridade."

Aniquilado:
"Já buscava no fundo da folha a
fotossíntese."

(Poema do livro Relevo Azul, 1998.)

domingo, 6 de novembro de 2011

MINHA AMADA IMORTAL

A tempestade.
Somente uma força natural
Que ferisse o tempo
Às manobras do destino.

O amor.
Lança cruel:
Que vem colidir
A alma sublimada
Do gênio da música : Beethoven.

A dor de viver
Em tempos bucólicos... de Revolução.
De atos imprevisíveis, imprescindíveis.
Inescutáveis.
Onde amar é chorar,
É lutar, é sangrar, é sofrer.

Poeta do absurdo, confuso.
Amando verdadeiramente.
Homem que espantou,
Que deixou-se seduzir
Pela fúria da melodia...
Da mulher que o encantou.

O amor do músico.
Só o amor
Dignifica a vida.

Para sempre o século XIX
Será glorificado.
O som,
O cântico dos anjos
Diluindo almas empedradas,
Vindo tecer em nossos corações
Um estado de alfa.
De sobrenatural
Da música imortal
Que adoça a lágrima amarga!

E sempre seremos gratos!

Mesmo quando sorrias e sofrias
Que corrias
Ao sopro do vento,
Da noite estrelada
Para fugir da surra do pai.
Teu sofrimento vai repousar,
Compactuar, misturar,
Banhar-se com as estrelas.
E quem será sua amada imortal?
A mulher que não pode amá-lo.

É o dardo sensível
Do amor paterno
Que orienta Beethoven
Ir ao encontro do filho
Estarrecido e debilitado,
Caído ao chão.

Mas, são os versos de paixão
Da carta secreta que foge da galeria
Do passado e vem
Nos ferir e refazer
A sina fatal
Do homem apaixonado!

As estrelas e o tempo
É que lhe dita o hino
Que emerge da pele
Que vivifica a harmonia
Da orquestra a
Elevação da alma.

(Poema do livro Em Busca da Essência, 2001.)