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sábado, 25 de setembro de 2010

AGRIDOCE AMOR

A saudade relembra.
Então escuto
Vozes adolescentes
Com luz própria,
Feito flor que nasce poesia!

A música fluente do vento
Contendo enigmas,
Disperso nos anos,
Recolhia sentimentos, fantasias
Para dentro da memória:
Coração apunhalado pelo horizonte!

Como transcender o amor?
Como aceitar a nobreza
Elevada
Do desamor?

Fico aqui contando
A minha vida
Para essa árvore florida
E ferida
Sobre as impressões digitais do amor!

Esse apelo-afeto forjou-me humano.
Deixou uma sombra
Ou melodia
De pedidos extremos
Ao acaso...
Calado, suporto o céu
Com estrelas infinitas
Na rua de meus desígnios imaturos.

Cachoeiras incessantes despencam
Do crepúsculo turvo,
E na ventania as folhas
Secas lutam
Por ficarem imóveis,
Jazendo no tempo
Onde brota a verdade da paixão!

É por amor! Que amor?
Invenção agridoce.
Nossos olhhos diziam as mesmíssimas
Intenções feito partículas
Doce de sofrimento.

Em nosso ser, o outono
fixou morada.
E coexiste, puro
No passado dolescido
O cheiro, o gosto,
E a suavidade das palavras.

(Poema do livro Em Busca da Essência, 2001)

sábado, 4 de setembro de 2010

MOINHO

Do sonho
engenheiro
à criança
e na realidade
moinho te edifico
em toda pelnitude.

É um moinho de sonho
funcionando
dia frio
correias batem
na noite
abate o silênciio
canção d'água
roda embriagada.

Do teto ao chão
sombra e luz de candeeiro
desde o crepúsculo
até o amanhecer
o milho se rende
à prensa
a farinha desce fina
no vaporoso depósito.

Moinho
águas te agitam
dão-te passagem
abrem-se comportas
velocidade e força
usina
dê vida ao sonho
de menino
construindo em seu coração
concreto
que a morte não dissipa.

Ideal gira giro Planeta
em tua arquitetura
telhas francesas
costaneira é a tua varanda
parede de pedra
te transforma
cipós, limos, cepos.

Rangem as janelas
mastigo doce milho
moinho te edifico
em toda plenitude.

(Livro Relevo Azul, 1998)