DÊ SILÊNCIO
(A João Cabral de Melo Neto)
Passam agora as asas da poesia.
Enormes penas coloridas de mil desenhos, faces, sons...
Fazer poesia, criar, que alegria: janela fria.
Sei que chegou fecundando,
plantando novos poemas,
novas flores e sementes invadiram o mundo,
com novas propostas sociais
nas suas matizes de raios e gotas.
No sepulcro do poeta?
A palavra dita... na lida,
lido, o pensamento oculto habita.
A liberdade voa.
As palavras devem voar,
pertencente a qualquer floresta,
ser de qualquer aresta.
Importa o poema
predador racional,
onírico do possível.
(Poema do livro Em Busca da Essência, 2001.
Poema escrito em Cachoeira do Sul, RS,
na noite que eu soube da morte do poeta.)