Faço poesia da noite sem sono.
Faço poesia do abandono.
Faço poesia do diferente
que rompe a casca de repente.
Ou buscando um sinal no desigual.
Trabalhando o imaginário código do lazer.
Reciclando o amontoado de descaminhos sem prazer.
Alguém lerá tais versos? Nascido no desconexo.
Um retrocesso da angústia, a volta da metafísica.
Como o homem que necessita do próprio alimento que abomina.
Uma risada na chuva, um trem sem trilhos,
Cavalos as soltas e selvagens na tempestade!
Assim, faço poesia, como que acendendo o fogo úmido do ritmo.
E com toda a noite, todo o espaço rotativo,
Grilo, rio, estrela... tudo que parte e volta.
Cada dia uma estrofe, uma construção da vida.
E nunca imagineis, quando e a que hora
O verdadeiro poema virá diluviar vossa terra árida.
Necessito terminar este poema. Você pode me ajudar?
O que veio do ânimo ficou segredado. Sono. Boa noite!
(Poema do livro Em Busca da Essência, 2005.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário